A carta que Francis Crick escreveu ao seu filho de 12 anos para comunicar a descoberta do DNA foi vendida num leilão organizado pela Christie’s, em Nova Iorque, por 4 milhões de euros. Há 60 anos, Crick enviou esta missiva de sete páginas onde explicava o que era o ácido desoxirribonucleico (DNA) e enumerava as bases que o componham, descoberta feita com o seu colega James Watson, ambos prémios Nobel.
O interesse que a carta suscitou entre os coleccionadores reflecte-se no preço que atingiu e que superou em muito as expectativas da casa, que tinha estimado que seria adquirida por uma quantia entre 760 mil euros e um milhão e meio.“Lê isto com cuidado para que percebas”, pode ler-se na carta datada de 19 de Março de 1953, endereçada a Michael, na altura aluno de um colégio interno britânico. Patrick McGrath, o especialista em livros e manuscritos da Casa Christie’s, explica que Crick “queria não só documentar a descoberta, mas também expressar, como pai, a sua emoção ao filho, que também se interessava muito por ciência”.
O documento é, por isso, importante não só do ponto de vista científico como também do emotivo, pois é um pai que fala com carinho ao seu filho, despedindo-se com as palavra, “com muito amor”.
O cientista expressa a sua emoção nestas páginas perante a descoberta que classifica como “muito importante”. Diz ainda: “Cremos ter descoberto o mecanismo básico de cópia pelo qual a vida surge da vida. Como deves imaginar, estamos muito emocionados”.