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Saude

Investigação portuguesa traz nova vida a doentes com implantes cardíacos electrónicos

O estudante de doutoramento em Sustentável de Sistemas de Energia no âmbito do Programa MIT Portugal desenvolveu o sistema transcutâneo não invasivo para recarregar baterias de dispositivos médicos implantáveis.
Trata-se de um sistema composto por uma unidade geradora de energia, uma unidade transmissora e uma unidade receptora (implantável). A ideia é transferir energia eléctrica para o interior do corpo humano para alimentar próteses ou dispositivos eléctricos e electrónicos a vários níveis de tensão e de potência.

António Abreu pormenoriza que “do ponto de vista de tensões elevadas obtidas, é possível obter uma tensão de cerca de 750 V destinada a desfibrilhar o coração e permitir a reanimação de uma pessoa na sequência de uma paragem cardíaca. Para tensões mais reduzidas é possível accionar mecanismos electromecânicos e, adicionalmente, recarregar baterias e permitir o diagnóstico e reprogramação dos implantes sem descarregar a bateria existente para esse mesmo efeito”.

Até ao momento não existia nada semelhante pelo que o trabalho do investigador português, actualmente a desenvolver investigação no Laboratório Nacional de Energia e Geologia, é inovador. António Abreu gosta de associar a palavra “inovação” ao facto do “sistema consistir em conseguir efectuar o procedimento ultrapassando obstáculos como interferências electromagnéticas e separação entre o exterior e o interior, associada à espessura do tecido dérmico”.

O sistema traz melhorias para o doente tais como redução do número de intervenções clínicas, dos riscos inerentes às operações, dos custos associados à doença, tanto para o Estado como para o paciente. Um doente com implantes cardíacos electrónicos é submetido a cirurgias para mudar as baterias de cinco a sete anos. Com este sistema deixa de ser necessário o procedimento cirúrgico porque as baterias passam a ser recarregáveis através da energia que atravessa o corpo por via transcutânea.

António Abreu acrescenta que “o processo desenvolvido também permite definir um consumo de energia personalizado, isto é, o fluxo de energia pode ser regulado e adaptado de acordo com as necessidades do dispositivo electrónico e da patologia do paciente. Ela garante simultaneamente o fornecimento de energia e a um canal de comunicação com o operador no exterior para efeitos de diagnóstico e reprogramação do implante. Nestas circunstâncias, não haverá demanda de energia a partir da bateria interna”.

Este sistema permite ainda a recarga da bateria logo após um episódio de sinistro, “sossegando” o doente, promove o conforto e a qualidade de vida e é aplicável noutro tipo de patologias, como é o caso de corações electromecânicos, bombas insulínicas, próteses mecânicas e próteses oculares.

Já estão a ser efetuados testes mas de acordo com as estatísticas o período ronda os 5 anos. A responsabilidade pelos ensaios clínicos é do fabricante mas a da conceção, do ponto de vista eletrotécnico é minha, no valor seguro de 1.000.000,00 euros.

Hérnia: Uma doença metabólica

Uma hérnia abdominal consiste na projecção ou saída parcial de um órgão, como o intestino delgado ou grosso, através de um orifício natural ou de um ponto débil da parede abdominal, sendo considerado um volume mole na superfície do corpo, que afecta 10 por cento da população.

O que é uma hérnia?

É um defeito localizado da parede abdominal, um orifício que permite a passagem anormal do intestino.
 

As hérnias são frequentes?

Sim. O risco de sofrer uma hérnia inguinal nos homens é de 27 por cento e na mulher de 3 por cento.

Onde se localizam as hérnias?

As mais frequentes são as inguinais: 73 por cento, localizadas na virilha. A seguir estão as que se localizam no umbigo: 9,5 por cento e, finalmente, as incisionais: 6,2 por cento que aparecem ao nível da cicatriz de uma cirurgia abdominal.

Porque sofremos de hérnia?

Pela combinação de um defeito congénito, tecidos debilitados e esforços.

Podemos evitar uma hérnia?

Não, mas podemos reduzir a possibilidade do seu aparecimento, evitando hábitos que enfraquecem os tecidos tais como fumar, ter uma má alimentação, fazer dietas que reduzem o peso a uma velocidade exagerada, etc.

É possível ter uma hérnia e não ter queixas?

Sim, em alguns casos, sobretudo nas fases iniciais.

As hérnias são hereditárias?

Embora não tenha sido detectado o gene responsável, as estatísticas mostram tendência familiar que sugere a existência de um defeito genético.

Porque devem ser operadas?

Porque o estrangulamento, situação em que o intestino é apanhado e sofre uma gangrena, é uma complicação grave que obriga a uma cirurgia de urgência e estabelece um sério risco de vida.

Colocam-se redes em todas as cirurgias das hérnias?

Em todas as hérnias dos adultos é recomendável, embora nas hérnias umbilicais com menos de dois centímetros de diâmetro seja possível prescindir deste recurso. Nas hérnias das crianças não se colocam redes porque as estruturas onde as redes são fixadas estão em crescimento.

As redes não provocam nenhuma reação no organismo?

Não. São na sua imensa maioria um produto sintético chamado polipropileno, perfeitamente tolerado pelo organismo. Contudo existem casos raros, extremamente raros, de rejeição.

As hérnias podem ser consideradas um acidente de trabalho?

Não. O esforço físico por si só não é capaz de produzir uma hérnia; é necessário que o doente tenha um defeito congénito e que os tecidos não possuam uma boa qualidade biológica.

A qualidade do tecido é que é responsável pela doença?

Sim. Isto porque nem os estivadores nem os halterofilistas têm hérnia. Ou seja, ao contrário do que sempre e admitiu, a hérnia não é uma doença física mas sim metabólica.

As hérnias podem reaparecer depois de operadas?

Sim. Podem reaparecer em até 10 por cento dos casos, mas com o uso de redes e se a cirurgia for realizada por cirurgiões especialmente dedicados a este tipo de intervenção, o risco é de cerca de 2 por cento.

Antes de começar a frequentar um ginásio é recomendável descartar que temos uma hérnia?

Sim. Porque é possível, durante algum tempo, ter uma hérnia sem sintomas, ou estes serem mínimos, e mesmo assim estas hérnias estão expostas às complicações anteriormente referidas.

Químicos fabricam chocolate mais saudável

Uma tecnologia que está a ser apresentada no Congresso da Sociedade Americana de Química, que teve ontem início em New Orleans, permite fabricar “chocolate mais saudável”. Segundo os investigadores da Universidade de Warwick (Reino Unido), o chocolate é feito com sumo de fruta. Mantendo o sabor, é muito menos calórico.

Os químicos explicam que o sumo, em forma de micro-bolhas, ajuda a preservar a sensação aveludada na boca que normalmente produz chocolate. A textura é firme, mas derrete na boca. O processo também impede que se forme a película branca que cobre a superfície do chocolate quando este está guardado há algum tempo.

A química é um ponto de partida para se fabricar um chocolate saudável”, afirma o investigador Stefan A. F. Bon. Esta abordagem “mantém as coisas que fazem com que o chocolate saiba a chocolate, mas com sumo de fruta em vez de gordura”.

Os investigadores estão agora à espera que a indústria alimentar dê os passos seguintes e utilize a tecnologia para fazer tabletes de chocolates e outro doces com pouca gordura.

O alto conteúdo em gordura e açúcar do chocolate é uma desvantagem em comparação com os seus altos níveis de antioxidantes flavonoides. Uma porção de dois gramas de chocolate negro pode conter 13 gramas de gordura, 20 por cento da gordura total diária recomendada. Grande parte dessa gordura é saturada, ou seja, muito pouco saudável.

A tecnologia funciona com chocolate negro, de leite e branco, e os cientistas utilizaram sumo de maçã, laranja e arando numa emulsão Pickering.

A crise do cromossoma Y

Um estudo australiano prevê que o homem esteja em extinção, mas apenas dentro de cinco milhões de anos, dada à fragilidade do cromossoma y (gene que determina o sexo masculino). Segundo a cientista e líder da investigação Jennifer Graves, da Universidade de Camberra, durante uma palestra na Academia Australiana de Ciência, “é um acidente evolutivo”.

Geneticamente, os homens têm os cromossomas XY e as mulheres, XX. Graves explicou que a estrutura do Y (masculino) está mais frágil em relação ao X (feminino). A cientista acrescentou que há milhões de anos, continha o maior número de genes (agora tem menos de 100) e a tendência é diminuir; no futuro, pode mesmo desaparecer totalmente.
O X contém cerca de mil genes e as mulheres têm dois. Já o Y, apesar de ter começado com outros tantos foi-se desintegrando. No caso do sexo feminino, um dos cromossomas tem sempre um aliado e, entre eles, podem trocar pedaços e repararem-se a si próprios. Mas, a investigadora australiana ressalva que enquanto ocorre esta depleção gradual do cromossoma Y, outro pode desempenhar o seu papel, levando à criação de uma nova espécie.

Alguns cientistas acreditam mesmo que o cromossomo Y é inútil. Já passou por diversas transformações ao longo de milhares de anos, até chegar ao ponto de ter menos carga genética masculina. Aliás, no Japão, existe uma espécie de rato que vive sem o cromossoma Y e estima-se que em grupos isolados de indivíduos, este processo já esteja em curso.

Mesmo que o Y seja completamente extinto, a classe científica considera que até lá, as novas tecnologias permitirão corrigir esta falha genética.