Violência no namoro e no relacionamento é um padrão de táticas coercivas e abusivas empregadas por uma pessoa num relacionamento para obter poder e controle sobre outra pessoa. Pode assumir várias formas, incluindo violência física, coerção, ameaças, intimidação, isolamento e abuso emocional, sexual ou económico.

Os relacionamentos abusivos podem incluir violência sexual, que é uma forma de violência física. Amar alguém não significa que nunca podes dizer “não” ao sexo. Não importa que tipo de relacionamento tenhas, se fores forçado a fazer sexo, isso é violação sexual. Se fores humilhado ou forçado a ser sexual, de alguma forma, isso é abuso sexual.

A violência no relacionamento é um conjunto de comportamentos, frequentemente, mal compreendidos na nossa sociedade. Podes ter ouvido pessoas dizerem coisas como: “Porque ela/ele/eles ficariam com ele/ela/eles se eles estão a abusar deles?” ou “Porque ela/ele/eles não saem desse relacionamento?” Esses comentários e perguntas podem magoar e culpar a pessoa que está a sofrer essa violência, ao sugerir que o sobrevivente está a fazer algo de errado, invés de culpar o agressor. Na realidade, há uma infinidade de razões pelas quais é difícil abandonar relacionamentos abusivos e, a pessoa que está a sofrer o abuso, é a especialista da sua própria situação.

DEFINIÇÕES

VIOLÊNCIA NO NAMORO:

Violência cometida pela pessoa que mantém ou manteve uma relação social de natureza romântica ou íntima com a vítima.

• A existência de tal relacionamento deve ser determinada com base na declaração da parte relatora e levando em consideração a duração do relacionamento, o tipo de relacionamento e a frequência da interação entre as pessoas envolvidas no relacionamento.

• Para os efeitos desta definição:

• A violência no namoro inclui, mas não se limita, ao abuso sexual ou físico ou à ameaça de tal abuso.

• A violência no namoro não inclui os atos abrangidos pela definição de violência doméstica.

COMPORTAMENTOS ABUSIVOS:

• Crítica destrutiva e ataque verbal: chamar nomes, gozar, acusar, usar palavrões, fazer comentários ou gestos humilhantes, ridicularizar as crenças mais valorizadas.

• Táticas de pressão ou ameaças: pressionar para tomares decisões através da culpa, medo ou intimidação; ameaçar regularmente da sua saída do namoro ou dizer-te para saíres do mesmo; fazer e/ou executar ameaças para te magoar ou a outras pessoas; ameaçar com uma arma, etc.; trancar-te dentro ou fora de casa; levar as crianças; ameaçar de suicídio.

• Abuso emocional: manipular com mentiras ou contradições (fazer “jogos mentais”); fazer-te sentir estúpido/louco (geralmente, isto é específico para qualquer coisa que te faça sentir o pior); não cumprir os acordos; manipular as crianças compartilhadas; recusar a cuidar de ti ou a obter ajuda quando estiveres doente ou ferido; destruir as tuas posses.

• Perseguição: Seguir, assediar ou ameaçar repetidamente; telefonar e enviar mensagens de texto constantemente; esperar por ti fora ou dentro de lugares; observar-te de longe.

• Violência sexual: tratamento degradante; forçar-te a fazer sexo; usar ameaças ou coerção para obter sexo ou atos sexuais; coagir-te a fazer sexo durante ou após um incidente violento.

• Violência física: ser violento contigo, outras pessoas ou animais domésticos; esbofetear; socar; agarrar; chutar; asfixiar; empurrar; morder; segurar-te para evitar que saias.

• Assédio: fazer visitas indesejadas; seguir-te; envergonhar-te em público; recusar-se a sair quando solicitado; acusar-te de sairés com outra pessoa (ser excessivamente ciumento); comunicação obsessiva na web como e-mails, mensagens instantâneas, Facebook, chamadas e mensagens de texto por telemóvel.

• Isolamento: Impedir ou dificultar a visita de amigxs ou parentes; tornar a família e os amigxs tão desconfortáveis ​​que elx não querem mais vir visitar-te; monitorar chamadas do telemóvel; dizer-te onde podes e não podes ir; mudar para um lugar onde não tens suporte.

• Intimidação: Usar olhares, ações ou gestos para te assustar e fazer com que ajas de forma diferente; fazer gestos de raiva ou ameaçadores; agir de forma “louca” ou fora de controle; sujeitar-te a uma direção imprudente; usar o tamanho físico para intimidar (como ficar na porta durante discussões); gritar contigo.

LGBTQIA Violência no relacionamento

Embora muitos aspetos da violência no relacionamento contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans ou Queer sejam semelhantes aos vividos por vítimas heterossexuais, não é semelhante em todos os aspetos. Os agressores costumam tentar formas altamente específicas de abuso com base na identidade e na dinâmica da comunidade, incluindo:

• Revelar ou ameaçar a orientação sexual ou identidade de género dx parceirx à família, empregadores, polícia, instituições religiosas, comunidades, em disputas de custódia de crianças ou noutras situações onde isso represente uma ameaça.

• Reforçar o medo de que ninguém vai ajudar a vítima por ser lésbica, gay, bissexual, transgénero ou queer ou, que por essa razão, esse parceirx merece o abuso.

• Por outro lado, justificar o abuso com a noção de que esse parceirx não é realmente lésbica, gay, bissexual, transgénero ou queer (ou seja, a vítima pode ter tido, ou ainda pode ter relacionamentos, ou expressar uma identidade de género, inconsistente com as definições dx abusadorx nestes termos). Isso pode ser usado como uma ferramenta de abuso verbal e emocional, bem como, para aumentar o isolamento da vítima da comunidade.

• Usar a orientação fluída da vítima contra elx – isso pode ser, na forma de dizer, a homens ou mulheres bissexuais que elx não são “realmente” homossexuais ou que a orientação sexual é uma traição ao parceirx do mesmo sexo. Também pode ser usado contra pessoas bissexuais e queer em relacionamentos de sexos diferentes, por meio de ameaças de sair da relação, ou através do questionamento sobre o compromisso do parceirx abusadx com o relacionamento, devido à orientação sexual ou identidade de género.

De acordo com o CDC, 44% das mulheres lésbicas, 61% das mulheres bissexuais, 26% dos homens gays e 37% dos homens bissexuais relatam ter sido vítimas de violação sexual, violência física e/ou perseguição por um parceirx íntimo.

COMO PODES TOMAR CONTA DE TI?

• Não te culpes e não desculpes o comportamento dx parceirx.

• Pensa na tua segurança e cria um plano. Procura a ajuda de amigxs, familiares ou dx teu profissional de saúde.

• Considera o que precisas para estar seguro – quais são os riscos que estás a enfrentar e, como eles podem ser mitigados, mesmo que temporariamente?

• Considera quem pode ajudar a dar-te apoio (amigxs, família, funcionárixs, etc.) e como pode contatá-los.

• Se quiseres abandonar o relacionamento, considera o que necessitas fazer para seres capaz de realizares isso com sucesso.

• Se estás a enfrentar violência sexual ou abuso reprodutivo, considera estratégias para proteger a tua saúde sexual.

• Liga para uma linha de ajuda em caso de crise.